domingo, 6 de março de 2011

PIB Brasileiro e o Marketing Petista!

Voces devem ter visto o bombástico anúncio do aumento do PIB brasileiro de 2010 em relação a 2009: 7,5%. Desde a época do Plano Cruzado,  quando ele alcançou também 7,5% em 1986, não tínhamos um PIB com aumento tão expressivo! Isso se deve, em parte, à baixa base de comparação do ano de 2009, quando o PIB brasileiro teve retração de 0,6% em relação a 2008.

Outro motivo para o bom resultado no ano passado foi o conjunto de medidas adotadas pelo governo em 2009, quando houve aumento de gastos públicos, redução de impostos e expansão do crédito, o que contribuiu para um aumento do consumo.

Essa forma de atacar a crise desencadeada em 2008, somada com a falta de investimento produtivo, contudo, gerou um superaquecimento da economia, com um grave desequilíbrio entre oferta e demanda. Isso tem pressionado os índices de inflação, que corre o risco de estourar neste ano! O monstro da inflação está à espreita!

A alta do Brasil é superior à dos Estados Unidos (2,8%) e da União Europeia (1,7%). Mas, em comparação com a Argentina (9,1%) e com a China (10,3%), a nossa alta é inferior. E o PIB deste ano, segundo o ministro Mantega, não deverá passar de 4,5%, porque o Brasil não está preparado para valores mais altos sem insuflar os índices da inflação para cima!

Clóvis Rossi produziu o artigo "Nunca antes? Nada disso.", que reproduzo abaixo, no qual ele aponta na Folha de São Paulo deste domingo que esse bombástico anúncio de crescimento do PIB brasileiro não passa de um bem urdido esquema de marketing lulístico. Rossi desmonta a maquiagem do PIB brasileiro marqueteado pelo PT e seus acólitos na imprensa com base em estudo acadêmico sério e apartidário.
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"CLÓVIS ROSSI
06/março/2011
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0603201103.htm


Nunca antes? Nada disso.



GENEBRA - Reinaldo Gonçalves é professor titular de economia internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos raros acadêmicos de esquerda que não se deixou cooptar por uma boquinha no governo ou até por menos, como um convite para jantar com os poderosos de turno.

Fez o que deve ser o papel do intelectual: mergulhou nos dados do IBGE e do Fundo Monetário Internacional para desafiar a propaganda governamental sobre as incríveis façanhas do governo Lula.

Montou tabelas que mostram o seguinte, em resumo apertado:

1 - Os 4% de crescimento médio do governo Lula colocam-no apenas em 19º no campeonato nacional de progresso econômico, entre os 29 presidentes desde a proclamação da República. Perde, por exemplo, para Itamar Franco e José Sarney.

2 - Quando começou o governo Lula, o Brasil representava 2,9% do PIB mundial. Quando terminou o governo Lula, o Brasil representava 2,9% do PIB mundial. Portanto, estagnou na competição global. E ficou longe dos 3,91% de 1980.

3 - Em matéria de variação comparativa do PIB, no período 2003/ 2010, o Brasil fica em humilhante 96º lugar, entre 181 países. Está no meio da tabela e abaixo até da média mundial de crescimento, que foi, no período, de 4,4%.

4 - Em matéria de renda per capita, a do Brasil evoluiu de US$ 7.547 para US$ 10.894, entre 2003 e 2010. Mas a sua posição no ranking mundial só piorou. Estávamos em 66º lugar e caímos para 71º.

Só para cutucar o cotovelo dos "argentinofóbicos", a renda per capital da Argentina é cerca de 50% maior que a do Brasil, com seus US$15.064. E ela melhorou, do 61º lugar para o 51º.

Não quer dizer com toda a numeralha que o governo Lula foi um desastre. Ao contrário. Mas tampouco foi o milagre que a sua propaganda apregoa. Simples assim."